SEM HORIZONTE EM BELZONTE
“...o que fizeste,sultão
Da minha alegre menina?”
Belo Horizonte,Belô para os íntimos, é uma das cidades da
minha paixão.
Há mais de quarenta anos percorro esses caminhos sempre com muita alegria e boas expectativas.
Foi assim no último dia 20 quando voltava de uma palestra
em Ouro Branco,uma calma e tranquila cidade
perto de Ouro Preto.
Durante a viagem de volta já antegozava meus passeios em
Belô,passear no Parque Municipal,andar de metrô(pois o nosso em Salvador não
decola ,fazem já muitos anos,vítima da incompetência dos nossos
governantes),fazer compras no Mercado Central ,matar saudades da boa comida
mineira no restaurante Dona Conceição,relembrando os bons tempos em que
participei da Bienal de 2010 com uma equipe da Bahia.
Até optei por um hotel do Centro,o Dayrell que acabou sendo
meu refúgio em BH,afogando no seu lindo espaço minha raiva e frustração.
Mal instalei-me,corri para a rua.Era tão gostoso e tão
perto pegar a Rua da Bahia e alcançar a praça do metrô.Pretendia revisitar o
Museu que fica dentro da Estação de trens.
Mas,tudo isso foi cortado,todo esse desejo reprimido,quando
m rapaz negro assaltou-me perto do chamado Ponto 7,famoso pelo comércio ilegal
de ouro em Belo Horizonte.
Como já tinha sido avisada em Ouro Preto que Belô estava
entregue aos caretas e estuprada
diariamente pela violência,deixei joias,documentos e cartões no cofre do
hotel,apanhando apenas um cartão de débito e a minha carteira da União
Brasileira de Escritores,para ser devidamente identificada.
Achei que estava safa
sequer me lembrei que usava uma corrent de ouro,sob um courinho com uma
mandala de pedras.
Do nada,surgiu esse sujeito alto, magro e com as duas mãos
tentou alcançar meu pescoço e puxar a corrente;não esperava minha
reação.Dei-lhe uma certeira joelhada nos quimbas,ele recuou assustado,mas,outro
,chegou por trás e me deu uma gravata,puxando a corrente e correndo
rua abaixo.
Os xingamentos com os quais lhes presenteei não chegaram a
ouvir. Pena,foram caprichados.
Mas,foram ouvidos por muitos mineiros machos que
presenciaram o assalto e não tugiram nem mugiram.Não vieram em meu
socorro,sequer gritaram- “Pega Ladrão – provavelmente por não quiseram perder
tempo pois devem saber quanto andam cheios
de cera os ouvidos dos policiais desta cidade,cujos,guardas municipais –cerca
de seis –conversavam alegremente no
Parque Municipal,do lado de fora ,claro,pois sabem estar esse parque cheio de
pedintes e desocupados que abordam as pessoas que vão lá caminhar.
Pena que estão deixando minha cidade ao desamparo.
Pê da vida,refugiei-me no hotel e só sai de novo rumo ao mais seguro lugar de
BH ,hoje:o aeroporto de Confins, num
taxi especial,o azulzinho.
Sentada no pequeno jardim que circunda a piscina do hotel e
conversando com Lédio,um excelente funcionário da casa,fiquei ruminando sobre o
que mudou em apenas dois anos.
Nos tempos da Bienal,andávamos de metrô,voltávamos da Expo
Minas após a meia noite ,trazíamos a féria do dia conseguida nas vendas de
livros,tranquilos como nos dias do paraíso.
Alguns ainda iam tomar um chopp na Savassi.
Bons tempos!
Lendo o livro "A Comédia da Morte",de João Mauro.Gargalhadas
Único passeio feito em Belô:o jardim do hotel Dayrell,ao lado de Lédio,funcionário do hotel desde os seus 16 anos.
Exposição de Val Guedes no aeroporto de Confins,uma cozinha da roça.
Trabalhos maravilhosos!
Endereço da fera:valguedesartes@hotmail.com
A solidariedade dos bons mineiros:
Miriam em nome dos mineiros lhe peço desculpas pelos desabores.Pensei que voce estartia com o Cacá por lá.Amo a Belô e tenho ouvido falar da violencia,bem sei que a região da estação é um pouco perigosa, por ser frequentada pelos marginais e a policia sabe disso.Ao iniciar pensei que a chuva tinha lhe pregado uma peça.Mas outros horizontes virão e o Sol vai brilhar de novo.Meu carinhoso abraço amiga.Uma bela semana de paz e luz na Bahia com as proteções do Senhor do Bonfim.Beijo.
Postado por Palavras no blog Café com Pimenta - By Miriam em 23 de abril de
>> 2012 19:09
Míroca querida,
Você esteve aqui tão pertinho de mim. Se soubesse teria de buscado em Confins amiga e você ficaria na minha casa. Será um prazer te receber aqui em Divinópolis.
É muito triste ver BH tão transformada deste jeito, mas é fato. Te digo que me sinto mais segura andando em SP do que em BH, quem diria?
Amiga, não desista de Minas, podemos ser melhor que isto!
Beijos Miriam
Leila